terça-feira, 31 de maio de 2011

domingo, 29 de maio de 2011

quarta-feira, 25 de maio de 2011

As riscas da Rita

As riscas da Rita

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domingo, 22 de maio de 2011

sexta-feira, 20 de maio de 2011

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Victoria

Victoria

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terça-feira, 17 de maio de 2011

domingo, 15 de maio de 2011

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Nova Iorque e a normalidade

Nova Iorque

Tenho para mim que a forma como nos vestimos não é mais que uma forma particular de nos expressarmos. Uma forma de estar, de comportar e comunicar com os outros. E, seguramente, quanto mais amplo e diversificado for o meio em que nos encontrarmos, mais disponíveis e confortáveis nos deveremos sentir para fazer o que melhor entendermos ou, concretizando a premissa anterior, para vestirmos aquilo que mais nos apetecer. Numa cidade onde a malha urbana é de perder de vista, a população jovem, o ambiente diverso e ecléctico e a ambiência racial hiper-diversificada, o receio pela censura ou olhares críticos não parece ter expressão. Como me disse o português em casa de quem tive o prazer de passar o Domingo de Páscoa “sempre desejei sair à rua de pijama vestido e sentir que não houvesse quem se dignasse a tomar nota disso”. E nesse sentido damo-nos conta que aqui a liberdade de cada um não parece terminar na (hipotética) falta de tolerância do próximo. Damo-nos conta que o direito à indiferença parece ser a 1ª das emendas constitucionais que cada nova-iorquino traz na sua própria cabeça. E é precisamente isso que faz desta cidade uma das mais inspiradoras que já conheci. Porque aqui, o receio pela censura não passa duma formulação teórica que não parece ganhar forma nas ruas por onde passo. Porque aqui, o reconhecimento do exibicionismo dá lugar ao direito à indiferença. Porque é precisamente esse (aparente) detalhe que faz de Nova Iorque um apelo vivo à criatividade e à experimentação. Porque é isso que a torna tão inspiradora. É que andar por aqui parece ser, em si mesmo, um convite a fazer o que nunca se fez antes. Metermo-nos com quem segue à nossa frente, vestirmo-nos como nunca tivemos coragem de o fazer, comunicarmos com o próximo colando-lhe post-its no corpo ou o que quer que seja que nunca fizemos antes mas cuja vontade já experimentámos. Porque aqui tudo parece fazer sentido ou, para ser mais rigoroso, nada nos parece sugerir que ele mesmo – o sentido – não possa ser encontrado na mais inusitada das ocorrências. Aqui parece haver sentido para a imprensa local publicar artigos sobre onde devemos sair para conhecer gente nova, fazer amigos, dormir acompanhados, arranjar namoradas ou namorados, sair num date, num 1st, num 2nd, num 3rd, num outro que sirva para pôr fim aos três anteriores ou ainda um outro onde se decida se ficamos amigos, amantes, compadres ou enteados. Porque aquilo que poderia parecer absurdo noutra parte qualquer deste estado, país, continente ou planeta reúne boas chances de ser uma mera banalidade nesta ilha. E é esse entendimento tão lato da normalidade que faz com que cada uma desta pessoas tão (aparentemente) diferentes entre si possam conviver sem aparentes clivagens ou diferendos. E é essa concepção alargada daquilo que temos por normalidade que faz com que fotografar estranhos na rua seja um acto tão normal como outro qualquer. Porque tudo aqui parece encaixar na normalidade. Normal como a Sarah se plantar ao meu lado numa paragem de autocarro. Normal como pedir-lhe que me explicasse porque raio não paravam os números para ali designados. Normal como perguntar-me se eu era fotógrafo. Normal como responder-lhe:
- Não sou. Mas já que perguntas, porque não aproveitas as golas do casaco (cujo padrão bem poderia ser um dos que levo para o trabalho) para te protegeres do vento?
Normal como usar um retrato duma francesa que foi atrás do marido para ilustrar um texto sobre Nova Iorque. Normal como sugerir tirar uma fotografia a um estranho. Normal como limitar-me a ouvir (com a frequência que não ouvi em nenhuma outra cidade) aquela que eu sempre imaginei ser a mais espontânea e sincera de todas as respostas:
- (sim ou não, tanto faz) Obrigado. Obrigado pelo elogio.

terça-feira, 10 de maio de 2011

segunda-feira, 9 de maio de 2011

domingo, 8 de maio de 2011

sexta-feira, 6 de maio de 2011

quinta-feira, 5 de maio de 2011

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Sebastiano

Sebastiano

Ainda no outro dia aqui disse... “Dá-me gozo. Desço a avenida, subo o Carmo, viro à esquerda, sigo à direita e facilmente me cruzo com duas, três ou mais pessoas que já fotografei. Se sabe bem? Sabe pois…faz-me sentir (por mais estranho que o termo me soe) que tenho uma qualquer espécie de  “obra feita” em Lisboa.”. E a verdade é que – desde que não estejamos a falar de encontrar, a ritmo diário, o ex-marido da nossa namorada ou aquele professor que nos chumbou com 9,4 – gosto de coincidências. Ainda em Fevereiro passado em Paris, estava a almoçar numa esplanada quando dei de caras com uma doce recordação parisiense que conheci faz anos em Barcelona, com quem já estive em tantos outros sítios e a quem tive dificuldade de explicar que lhe pretendia fazer uma surpresa quando ela me perguntou que raio fazia eu a tomar uma refeição a 200 metros do trabalho dela sem lhe ter dado cavaco. Ou quando, nos tempos em que estive na Misericórdia e achava piada a uma voluntária que para lá andava comigo e tropeçámos um no outro, meio embaraçados, numa praia duma ilha grega. Com isto já dou de barato todos os lisboetas com quem me cruzo em Madrid ou os próprios madrilenos que fotografo e, horas depois os reencontro, já com uns copos em cima, no Eccola, no Liberata ou no Gabana. Mas como em tudo na vida tenho uma noção de limite. Mas ontem à tarde, enquanto comia uma das muitas fatias de pizza disponíveis no Noho, passou à minha frente o Sebastiano. Talvez não se lembrem dele aqui mas, quer-me parecer, lembrar-se-ão dele aqui. E quem sabe...daqui, dali (e algures daqui) ou de muitos outros sítios a onde aquela fotografia o levou. Cruzar-me em Milão com alguém que conheci da última vez que lá estive é uma algo concebível. Encontrá-lo meses depois em Nova Iorque é que não

domingo, 1 de maio de 2011

(amanhã) A Mercé é mãe

Mercé

[Agosto 2010, Maiorca]

Um calor abrasador, daquele que não se aguenta a mais de 10 metros do mar. Desço com o Gonçalo, lembro o David e o Afonso que deixo a máquina envolta na toalha e dou com a Mercé deitada de olhos fechados, pálpebras fixas no céu, corpo humedecido pela água salina que sobe e desce e mãos submersas na areia. Sussurro “Gonçalo” e indico com o olhar o corpo da Mercé, ali abandonado:
      Foda-se. – murmuramos em coro.
“porque não a fotografas?” pergunta-me. Tento explicar-lhe que a minha lata conhece limites e que, sugerir a uma a mulher semi-nua que se deixe fotografar para uma publicação onde se espera que a roupa seja o tema central, poderá fazer-me passar por uma pessoa (mesmo muito) doente. Ele vem-me com a retórica (que sabe ser-me tão querida) “mas o teu blogue não é apenas roupa” e começo mandá-lo dar uma volta quando principio, eu mesmo, a ceder à sua ideia – porque os melhores amigos são, precisamente, aqueles que têm a presunção e a legitimidade para nos lixarem o juízo até fazermos aquilo que eles entendem ser o melhor para nós – e a lembrar a mim próprio que são momentos como estes que mais pica me dão. Que foi por momentos como este que comecei este blogue. E a verdade é que, se convidar estranhos a tirar uma foto poderá soar estranho, passar a fazê-lo por sistema torna-o quase mundano. Ganha-se o hábito, aprimora-se o jeito e a coisa, mais acerto menos acerto, começa a dar ares de rotina. E como em tantas outras coisas na vida vou experimentando e testando para que, a minha existência – ao menos aqui – não caia também ela num hábito. E foi o que fiz. Aquilo que, precisamente, me apeteceu fazer sempre. Sair da rotina, ficar nervoso como fiquei como quando beijei pela primeira vez alguém com quem achei que poderia querer ficar (para sempre?), como quando me apresentei ao presidente do Comissão Executiva da minha entidade patronal para lhe dizer algo tão estúpido como “tenho um blogue”, como quando tomei para mim próprio que era a última vez que aquele anormal do 7ºC me incluía no lote dos putos mais novos aos quais distribuía caldos gratuitamente e lhe espetei dois murros na tromba à frente da turma inteira (e segui directo para casa com um olho negro e o nariz a sangrar) ou como em tantas outras vezes que fiz o quer que fosse que, feitas as contas, não tinha outro propósito maior que fazer-me sentir vivo. E quando decido comigo fazer cada uma dessas coisas que me fazem sentir que me transcendo... pareço sentir o corpo a fugir-me, tal qual a sensação daquela montanha russa que nos faz perder o pé, o estômago e tudo aquilo que temos por certo e agarrado ao corpo. E o mais curioso (ou talvez o mais óbvio) é pensar na precisa pessoa por quem gritei em cada uma dessas vezes em que entrei num parque de diversão para sentir a adrenalina no corpo:
– A minha mãe.
Foi por ela quem procurei todas as vezes em que senti medo, todas as vezes em que senti a minha frequência cardíaca obstruir-me a audição. É por ela que se procura, em criança, no momento em que se dirige a palavra ao amor pueril da sala do lado, quando, na adolescência, se engole em seco antes de se beijar a primeira miúda ou quando, mais tarde, nos estreamos a despir uma outra. A mesmíssima pessoa em quem pensamos noutro momento qualquer em que nos transcendemos, seja na nossa vida pessoal, profissional ou em qualquer outra, como aquela em que me cheguei perto da Mercé e lhe disse “Hola” enquanto fazia, mentalmente, a contagem decrescente para um momento, um outro, em que haveria de descer da toalha um gajo com 2 metros e muitas ganas de me partir a cara.

Não sei se este retrato será moda... se será a vossa moda. É seguramente a minha. Que a minha moda não é mais do que a minha própria concepção do belo, dos estímulos visuais, empíricos, emocionais ou até, estritamente psicológicos e sociais. E se dúvidas me restassem em como este momento era um momento especial, tirei-as quando, à despedida, a Mercé me diz (e só aí me dei conta):
– Mañana seré madre.
E aí perdi o receio. O receio de publicar esta imagem. Da última imagem que mo deveria causar. A imagem duma mulher que é moda. Não sei se a vossa mas, seguramente, a minha moda

(à minha mãe, à do Gonçalo, à Mercé, à mãe dela e a todas as mães destes putos duma ilha ali em frente. pois foi graças a estes miúdos que, numa noite de insónias – que ainda não me recompus das 5 horas de atraso que levo de Greenwich – arranjei inspiração para escrever um texto para ilustrar uma dada ilustração que ilustrei um dia numa praia em Illetas)